Arte na Cidade
Éno coração de João Pessoa que mora a história de amor de um artista pernambucano pela capital da Paraíba. Jurandir Maciel, 63 anos, artista plástico autor de oito esculturas em bronze expostas nas praças pessoenses, disse que não contrariou sua esposa quando ela falou que “bom mesmo de morar é no Varadouro”.
O artista calcula que já tenha feito mais de 10 mil obras, entre esculturas, quadros e outras artes. Mas ele diz que prefere não ter exatidão “pois quando o ‘cabra’ pensa em número se abestalha e perde a inspiração”.
Jurandir contou que desde os 14 ou 15 anos ele frequenta a capital paraibana, na época junto a seu pai ou a serviço dele, ajudando nos negócios da família. Foi quando em uma conversa com um de seus irmãos ele revelou que o que sentia pela cidade era algo muito maior do que ele podia explicar.
“Não sei dizer o que motivou esse amor [pela cidade], era coisa como se fosse espiritual”, contou Maciel.
Segundo ele, o lado artístico foi despertado em 1992 por um amigo e, mais tarde, incentivado ainda mais pelo artista Abelardo da Hora - que também tem diversas esculturas em João Pessoa, inclusive uma exposição permanente na Estação Cabo Branco, Ciência, Cultura e Artes.
Hoje, Jurandir tem ateliê em Olinda e Maceió, mas há dois anos decidiu vir embora para a Paraíba e morar em João Pessoa. Apesar de, segundo ele, o mercado nos outros estados ser mais aquecido, a decisão pela capital paraibana tem um motivo passional que pesou mais.
“João Pessoa inspira arte”, confessa o escultor.
Jurandir no Varadouro
Integrado e atuante no centro nervoso da cultura pessoense, Jurandir transformou seu ateliê também em uma loja para suas obras e para cordéis, assim como um convite para que as pessoas apreciem o belo pôr-do-Sol do Varadouro acompanhado de um café quente.
“Aqui tenho até essas esculturas em miniatura que, se o cliente quiser, pode virar uma no tamanho que ele desejar”, conta Maciel.
Ladeado pelos casarões históricos da Praça Antenor Navarro e de frente para o Hotel Globo e a Igreja São Frei Pedro Gonçalves, Jurandir conta que constantemente ajuda a paróquia a pintar a igreja e tirar as pichações frequentes.
Ele diz que da última vez ele e o padre pintaram a igreja toda com tintas que foram doadas. Eles começaram a pintar por baixo e Maciel fala que quando achou que tinha terminado, o padre foi pedir que ele subisse no telhado da igreja para terminar de pintar lá em cima.
“Se eu soubesse que ia ter que pintar até em cima teria começado por lá, porque aí caía logo e não ia ter o trabalho de pintar a igreja toda”, diz o artista com um sorriso no rosto.
Sobre sua casa e a história em torno da Antenor Navarro, o escultor conta que passa a noite imaginando as confidências que houve naqueles corredores e ruas.
Obras
Jurandir, que assina suas obras com “J. Maciel”, conta que no aeroporto de Manaus, Amazonas, há uma obra sua exposta com 30 toneladas de alumínio e que já fez a escultura de Jesus Cristo com 12 metros de altura e 10 toneladas de cobre. Segundo ele, o povo gosta mais dessas obras pois “quando é grande impressiona”.
Na capital João Pessoa, o artista tem expostas algumas obras icônicas. A escultura de Ariano Suassuna - o paraibano fundador do movimento Armorial que morreu em Pernambuco -, junto com o arco, no anfiteatro do Teatro A Pedra do Reino foi torneada por suas mãos pernambucanas.
A Praça Aristides Lobo, também no Varadouro, tem um poeta popular de João Pessoa retratado pela obra de Jurandir, Manuel José de Lima, o Caixa D’água. Não tão longe, no Ponto de Cem Réis, outro símbolo pessoense também foi esculpido por Maciel: o jornalista Livardo Alves.
O rei do ritmo Jackson do Pandeiro assim como o Barão de Rio Branco expostos na praça Rio Branco, no Centro, também são fruto das mãos e inspiração do homem que viu em João Pessoa o motivo para continuar vivendo a arte nos últimos 25 anos.
Fontes: jmaciel.com.br / g1.globo.com